sábado, 10 de janeiro de 2009

Fóssil traz pistas sobre a transição da vida para a terra

Os primeiros animais a sair dos oceanos para colonizar a terra firme não só trocaram as barbatanas por patas, mas também tiveram de adaptar os ossos da cabeça para a vida à superfície. É o que mostra um estudo dos fósseis do Tiktaalik roseae, realizados desde 2004 na Ilha Ellesmere, no Árctico canadense, e publicados na revista Nature.

Uma equipa de cientistas da Academia de Ciências naturais de Filadélfia, e Neil Shubin, da Universidade de Chicago, examinaram em detalhes os ossos da cabeça desse animal, que viveu há cerca de 375 milhões de anos. O tiktaalik era um peixe com pulmões, predador, mas com características muito particulares: tinha brânquias, escamas e espinhos nas barbatanas, mas crânio, costelas e apêndices semelhantes aos dos primeiros animais quadrúpedes. Este animal é considerado um fóssil de transição entre a vida no mar e na terra, sendo o passo intermédio entre os peixes Sarcopterygii e os Tetrapoda. De grandes proporções – media de 1 a 2,75 metros – e com cabeça e corpo planos, acredita-se que vivia em águas rasas e caminhava sobre a terra por curtos períodos. De acordo com o principal autor do estudo, Jason Downs, as características cranianas dos animais terrestres foram, primeiro, adaptações à vida em águas rasas. A caixa craniana, o palato e os arcos branquiais do tiktaalik, ajudam a ver como se deram essas transformações. As mudanças, complexas, levaram a uma reestruturação completa dos ossos da cabeça e da relação entre eles. Um exemplo é o osso hiomandibular que, nos peixes, conecta a caixa craniana, o palato e as brânquias, coordenando os movimentos para comer e respirar. Com a mudança de habitat, esse osso perdeu sua função original. Hoje, nos mamíferos, converteu-se no estribo, um dos ossos do ouvido interno. No tiktaalik, esse osso já aparece, se bem que reduzido, diz Downs.

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid260415,0.htm

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